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quinta-feira, junho 16, 2016

Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.


Esse blog é de uma bariatricada (nome feio, né? rsrs), mas ele não é focado exatamente em mostrar fotos de antes/depois, apesar de ter algumas por aí. Não tenho nada contra, na verdade, adoro ver as transformações e por isso participo de alguns grupos no Facebook.

Mas ao longo dos anos o blog foi tomando uma cara mais reflexiva e o mantive assim. Enfrentar a obesidade desde a infância até os 30 anos pode realmente dar um nó na cabeça de algumas pessoas. Foi o meu caso.

Sofri diversos abusos desde a infância até a adolescência. Nunca me senti segura e cresci uma pessoa ansiosa, medrosa. Mais que isso, cresci triste e acreditando que era a pior pessoa do mundo e que nunca alcançaria nada de bom.

No primeiro ano após a gastroplastia, quando me vi livre de todo aquele peso, longe de bullying, cabendo em roupas lindas, recebendo elogios, vivendo coisas que nunca havia vivido, eu consegui esconder um pouco essa bomba relógio.


Apesae dela dar claros sinais de que iria explodir a qualquer momento. A sensação de nunca estar segura estava sempre presente, me assombrando e eu realmente não me sentia capaz de realizar nada, nadica mesmo.

Eu era uma pessoa disposta a ajudar a todos, menos a mim. Poderia ser uma boa amiga, mas não era nada amigável comigo mesmo. Queria cuidar das pessoas, mas eu mal podia cuidar a mim. 
E assim, abandonada por mim mesmo, evitando a minha própria vida, eu vivia mendigando afeto.

 As vezes eu barganhava, tentava mostrar como eu era "boazinha" e como deveria ser amada por isso. Vocês devem imaginar o que isso tipo de comportamento resulta, não é mesmo? Eu vivia um desamor, um descaso tão profundo comigo mesmo que aceitava coisas absurdas. Como se paga muito caro por isso...


E eu não entendia porque eu não conseguia sair dessa situação lastimável. Mas não conseguia, estava paralisada. Quando
 a bomba explodiu, não sobrou quase nada de mim.

Mas a vida é interessante, sempre encontramos pessoas que nos ajudam. Quando encontrei essa mão amiga, eu só sabia chorar. Isso se estendeu por um tempo bem longo. Mas não desistiram de mim, e graças a isso um recomeço foi possível.

Quanta dor podemos guardar no peito? Não dá pra saber. Quanto amor podemos carregar no peito? É imensurável. E foi isso que minha mão amiga me ensinou. E eu comecei a aprender a escolher. A primeira lição? Me escolher!

E como se faz isso? Aprendendo a olhar para nós mesmo com olhos de amor. Tendo  paciência incondicional conosco mesmo.

Gente, como é difícil essa fase, porque estamos condicionados só com a negatividade. Então,  você crê cegamente, por mais de 30 anos, só em coisas negativas e de repente você tem que nos desfazer disso para se salvar. Não existem escolhas, ou desfaz disso, ou se desfaz.

E dói fazer isso. Dói porque você vem confiante diante do espelho e diz: "Sou bonita". Mas aquela vozinha maligna que te acompanha toda sua vida diz: "Ninguém nunca vai gostar de você".

Você se inscreve num concurso e ela te diz: "Nunca vai passar". E realmente dá aquele medo Indescritível  disso ser verdade.


Uma pessoa te maltrata, você sente que algo está errado, mas quando você vai buscar meios de ajudar a si mesmo, só se escuta esse vozinha te dizer: "Você mereceu. Você sempre será tratada assim porque não tem valor algum". E a gente acredita.

Quando começamos a nos escolher, devagarzinho, e não sem muito esforço, começamos a modificar pequenos padrões. Mas só desfazer esses padrões não resolve, eles devem ser substituídos por outros, de preferência positivos. Eis aí outra luta grande! A vozinha não quer morrer, então vez por outra ela tenta aparecer, ganhar forças. A questão sempre será de escolha.



Nesse momento é que descobrimos algo que nos choca profundamente. Não existe inimigo pior do aquele que alimentamos em nós. Nós escutamos coisas ruins, enfrentamos coisas terríveis e nos apressamos em aceitar tudo. Guardamos tudo como verdade  e carregamos um monte de lixo que só causa dor.

Em que momento demos tanto poder ao outro? Quando foi que o outro se transformou num grande sabedor e julgador de nossas vidas, aquele que mais sabe sobre nossas dores, vidas, lutas, mais até mesmo do que nós? Por que devemos aceitar como verdade as coisas ruins que nos dizem?

Daí descobrimos que damos poder demais aos outros. E isso é algo extremamente perigoso. Quando passamos a fazer escolhas emocionalmente mais inteligentes as coisas começam a se modificar. Começamos a resgatar nosso poder, nossa fé, nossa luz.

Passamos a escolher o sorriso ao invés de lágrimas, paz ao invés de lutas vãs. Começamos a descobrir novos sonhos, começamos a escolher ações que nos levarão a alcançar objetivos. Começamos a criar cumplicidade com a gente mesmo e tudo isso começa a promover uma limpeza dentro da gente.



Passar vários dias chorando? Não! É mais saudável, mais gostoso, passar vários dias sorrindo. Então eu vou agir para isso. E tudo aquilo que me causa dor, eu vou escolhendo trabalhar, para que fiquem só como experiências e não como senhoras e donas de minha vida.



Foi com pequenas escolhas que comecei a colocar minha vida novamente no trilho, os cenários começaram a mudar.  Passei num concurso e estou esperando ser chamada. Fiz novos amigos e amigas, com os quais passeio, viajo, sorrio, aprendo. Iniciei uma segunda graduação, e tô feliz da vida por estar encontrando um novo caminho. Se precisar ficar sozinha, eu fico numa boa porque ocupo o tempo de maneira sadia. Eu ainda gosto de ajudar, mas procuro sempre cuidar da minha vida primeiro. 

São muitas mudanças, tantas! Mas todas elas vieram de pequenas escolhas. 

Se alguém ler esse post e sentir que nunca vai conseguir, eu queria dizer que vai sim. E não é conversa de auto-ajuda não, você tem que acreditar em ti. Depois disso, tudo pode ser alcançado.

Também queria te dizer que se respeite sempre, que sempre saiba seu valor, o seu limite. Não importa se você perdeu 30, 50, 60, 80 quilos. Se você não for teu melhor parceiro o sofrimento é que será teu companheiro. Sabe o mais duro disso tudo? Será teu companheiro com sua permissão. 

Não é mentira que o mundo bate doído na gente. Mas também não é mentira que há a escolha de se fechar na dor ou de crescer no amor. A escolha é sempre nossa, a responsabilidade também. Tenha sempre claro que não somos vítimas de ninguém, só de nós mesmos.

Não espere por ninguém, seja você o seu maior apostador. E aposte todas as suas fichas, sem duvidar nunca que irá ganhar.

Para aqueles lindos e lindas que sempre se respeitaram, se amaram, gordinhos ou não, eu deixo meus parabéns. Vocês descobriram logo que ninguém sabe mais o seu valor do que vocês mesmo.

Deixo um abraço forte e carinhoso em todos.



Para refletir!
My mad fat diary



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